segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Reforma Ortográfica - Desabafo

Por Conrado Moreira

Não considerem esse artigo nenhum manifesto político-sócio-antropológico-econômico-étnico, até porque ele não tem praticamente embasamento nenhum em nada. É um desabafo, e só.

Até repito a palavra pra depois não dizerem que não avisei

Desabafo:

Reforma ortográfica pra quê? Pra unificar os países lusófonos. Insisto: pra quê? O português é a única das línguas mais faladas no mundo que tem grafias diferentes. E o Quico? O Quico, o Chaves, ou o Professor Lingüiça?

Falando no nobre professor, coitado, tenho até que interromper meu raciocínio, e Deus-nos-acuda depois pra retomar: A tal reforma vai mudar até o nome do Mestre Girafales: Linguiça! Linguiça, que rima com preguiça. É a derrocada da cultura mexicana brasileira.

Voltando aos lusófonos. Unificar o que meu Deus?! Há muito tempo a gente fala uma língua diferente dos lusitanos e dos outros, com os nossos mineirêses, carioquêses, bahianêses e miguxêses. Lá eles pegam o rabo da bicha quando vão ao banco, e se protegem de doenças como a AIDS e a gravidez usando durex. E eu vô lá querer me unificar com esse povo? Naninanão.

Unificação com eles seria o fim das piadas de português, e isso não rola. Quantos humoristas pais de família perderiam seus empregos? Quanto da produção nacional não cairia, com o fim da próspera e tradicional indústria das piadas de português? “Nunca na hiftória defe paíf fe viu crive tão grave na alegria do povo bravileiro” – já até imagino o companheiro Lula lamentando a crise.

E tem mais. Abra a wikipedia e some as populações dos países lusófonos. Arredondando tudo pra cima generosamente, dá uns 40 milhões (estimando a população de Moçambique, que pelo jeito não tem IBGE). Isso quer dizer que menos de vinte por cento da população lusófona não é brasileira, meu povo! Oitenta por cento de Josézes, Joãozes e Marias. Só uma meia dúzia de Manoelzes ou Joaquinzes. Somos tão numerosos quanto os americanos que odeiam o Bush!

Vamos ter que investir grana pra trocar dicionários e gramáticas. Ao invés de construir casas, hospitais, banheiros públicos, bancos de praça e churrasqueiras. E pior: todos vamos ter que pegar emprestado comprar novas versões pirateadas do Windows XP, com o corretor ortográfico atualizado. Ninguém me perguntou o que eu achava da reforma, e eu é que fico com o prejuízo.

Pra finalizar, não sou só eu que penso assim não. Professor Pasqualli Pasqualy Pasquale também. Falou da reforma na TV com a mesma revolta, usando muitos eufemismos, lógico, porque ele não é bobo que nem eu.

Cabei.

*Texto publicado originalmente no Blog Notícias do Exílio

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